PSICANÁLISE: entre o inconsciente e a vida cotidiana
- Marcus Vinicius
- 27 de ago. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de set.
Uma teoria, um método, um tratamento
A psicanálise pode ser entendida de três formas:
uma teoria sobre o funcionamento da mente;
um método de investigação dos conteúdos inconscientes;
e um método de tratamento psicoterapêutico.
As origens: Freud, Breuer e a hipnose
No final do século XIX, a medicina não tinha respostas para certas doenças que surgiam nos hospitais. Entre elas estavam as chamadas crises conversivas: paralisias súbitas, pessoas que de um dia para o outro deixavam de andar, falar ou enxergar, sem que houvesse explicação médica clara.
Esses quadros, que afetavam especialmente mulheres jovens, despertaram a curiosidade de médicos como Breuer, que observava melhoras quando usava a hipnose para levar pacientes a recordar experiências traumáticas. O desaparecimento dos sintomas ao reviver tais memórias chamou a atenção de Sigmund Freud, um jovem médico interessado em fisiologia e no funcionamento da mente.
O nascimento do inconsciente
Freud percebeu que nem todos os conteúdos dolorosos podiam ser recordados à vontade. Isso o levou a formular a ideia da existência de uma dimensão psíquica inacessível à consciência: o inconsciente.
Contudo, Freud também percebeu que não era um grande hipnotizador. Além disso, seu interesse estava menos no desaparecimento imediato dos sintomas e mais em compreender a mente humana. Ele buscava um método em que o paciente tivesse uma participação mais ativa.
A livre associação de ideias
Foi assim que surgiu a técnica da livre associação: convidar o paciente a falar tudo o que viesse à mente, sem censura. Esse exercício permitiu identificar mecanismos de defesa, lapsos, resistências e desejos escondidos. Aos poucos, tornou-se possível acessar conteúdos inconscientes e compreender como eles influenciam a vida consciente.
Do trauma às neuroses cotidianas
Se no início a ênfase era no trauma, logo Freud percebeu que os conteúdos inconscientes estavam por trás de diversos sofrimentos cotidianos. Inibições sociais, fobias como a agorafobia, pensamentos repetitivos e compulsivos — todos esses fenômenos passaram a ser compreendidos como expressões de conflitos psíquicos.
A psicanálise, então, deixou de ser apenas uma curiosidade médica e passou a ser usada como método terapêutico em consultórios.
Psicanálise na prática clínica hoje
Na prática, a psicanálise pode assumir diferentes formas. Há o método clássico, em que o paciente deita-se no divã e associa livremente, indicado para pessoas mais estáveis. Em outros casos, a escuta pode ser mais diretiva, fortalecendo defesas psíquicas e oferecendo apoio em momentos de crise.
A psicanálise busca tratar conflitos internos que geram prejuízos em relacionamentos, no trabalho, na família e também favorecer a consolidação da identidade, autonomia e independência do indivíduo.
As mudanças acontecem tanto pelos insights — quando o paciente compreende de repente algo sobre si — quanto pela relação terapêutica, construída em encontros semanais e marcada pela escuta atenta e pelas interpretações feitas pelo analista.
A postura do analista ontem e hoje
Se antes o psicanalista era visto como uma “tela em branco”, distante e silencioso, hoje tende a ter uma presença mais natural e acolhedora. Isso facilita o vínculo e torna o processo terapêutico mais humano e próximo.
Um convite à reflexão
A psicanálise não oferece fórmulas mágicas. Ela propõe um espaço de escuta e investigação onde medos, fantasias e desejos podem se tornar conscientes, promovendo maior liberdade diante da vida.
Se você tem interesse em compreender melhor seus conflitos, descobrir novas formas de lidar com suas emoções e transformar sua relação consigo mesmo, a psicanálise pode ser um caminho.
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